
Linguagem Clara ou Linguagem Simples é uma tradução do termo em inglês Plain Language.
Esta linguagem contém um conjunto de práticas que facilitam a compreensão de textos.
Identifica o público-alvo do texto e a partir dele organiza palavras, frases, ideias e outros diversos elementos da comunicação.
Tem três focos principais:
Fazer com que o leitor encontre rapidamente a informação que precisa;
Consiga entender o que foi encontrado e;
Faça uso dela com facilidade.
Esta linguagem está baseada no princípio do esclarecimento, que é o direito que todos nós temos de entender informações que são úteis para o nosso dia a dia.
Quando lemos alguma coisa, o mais importante é que tenhamos entendimento sobre o que estamos lendo. Informações confusas atrapalham a comunicação. Isso pode acontecer dentro ou fora da organização:
Fora da organização ela dificulta que o cliente possa entender o serviço a ser utilizado e com isso tomar a decisão de desistir dele ou nem mesmo querer conhecê-lo.
Dentro da organização pode prejudicar o andamento do trabalho entre funcionários, colaboradores, fornecedores entre outros.
Devemos pensar também que se conseguimos encontrar as informações que procuramos, de forma fácil e simples, e estas são entendidas quase que imediatamente, economizamos tempo e dinheiro, melhoramos nosso comprometimento e ficamos mais confiantes.
Há ainda o fato de que uma organização que trabalha fortemente com tomadas de decisão, pode ter muitos prejuízos se suas informações não estiverem claras o suficiente para entendimento de todos.
Na década de 70 em sociedades de língua inglesa. Ganhou impulso porque teve apoio de associações de defesa do consumidor, funcionários públicos e pessoas da área do Direito. Mesmo não tendo um padrão no início, o movimento foi se espalhando devido a percepção de sua importância. Mas tarde, o pesquisador Martin Cutts reuniu no livro Oxford Guide to Plain English 25 principais diretrizes que dão clareza a um texto, dentre elas:
O uso de palavras que podem ser entendidas pelo seu leitor;
A criação e uso de um estilo para textos, o não uso de palavras excessivas;
A preferência pelo discurso direto;
A organização do texto em tópicos/assuntos;
O pensamento da organização das informações pelo seu nível de importância e uso;
O não uso abusivo de referências cruzadas entre outros.
Existem no mundo atualmente três organizações que cuidam deste tema:
Clarity (https://clarity-international.net/),
Centre for Plain Language (https://centerforplainlanguage.org/)
Plain Language Association International (https://plainlanguagenetwork.org/).
Todas regidas por uma federação (https://www.iplfederation.org/) que organiza os padrões da Linguagem Clara. Estas organizações reúnem esforços em torno da manutenção destes padrões, certificações e treinamentos, divulgação e produção de textos sobre o assunto e realização de congressos.
Aqui no Brasil tivemos diversas iniciativas. A maioria ligada à Governo Eletrônico. Aqui vamos ver um pouco desta linha do tempo:
Tudo começou por volta de setembro de 2000 quando o Ministério da Ciência e Tecnologia lançou o Livro Verde. No capítulo Governo ao Alcance de Todos, o uso de jargão na prestação de serviços públicos já era criticado.
Em 2002, o governo federal organizou diretrizes para seus websites, indicando que deveriam ser de fácil legibilidade.
Em 2005, o Departamento de Governo Eletrônico lançou o eMAG - Modelo de Acessibilidade em Governo Eletrônico. Dois anos depois, este se tornou obrigatório em todos os ambientes do governo brasileiro na internet. Este guia segue as orientações de padrões para a web em todo o mundo.
Em 2010, foi publicada a Cartilha de Usabilidade com recomendações de boas práticas na apresentação de informações em interfaces digitais. Entre as sete diretrizes de usabilidade em governo eletrônico, a diretriz “Redação” diz que o site deve ‘falar’ a língua das pessoas, com palavras, frases e conceitos familiares e o texto deve ser objetivo.
Em 2012, chega a Lei de Acesso à Informação (LAI) que se torna o marco mais importante para a transparência de dados governamentais. O Artigo 5º diz que é dever do Estado garantir o direito de acesso à informação, que será franqueada, mediante procedimentos objetivos e ágeis, de forma transparente, clara e em linguagem de fácil compreensão.
Podemos citar ainda a Cartilha de Redação Web que faz parte dos Padrões Brasil e-Gov do Programa de Governo Eletrônico do Governo Federal e o Guia de Orientações para Adoção de Linguagem Clara (São Paulo, 2016) que foi criado com apoio do Reino Unido.
Definir padrões e práticas de Linguagem Clara na sua organização pode ser um começo. Existem diversos materiais que podem ser utilizados para isso, assim como o apoio de profissionais especializados.
Formar pessoas para que estas práticas sejam interiorizadas e colocadas no dia a dia de todos na organização também se faz necessário.
Desenvolver / utilizar ferramentas que possam apoiar o uso e aplicação destas diretrizes nas mais diversas formas de apresentação de informação como sistemas, sites, documentos, comunicação interna, entre outros.
Organizar informações dentro dos repositórios de informação da organização já utilizando diretrizes desta linguagem.
Automatizar o uso da Linguagem Clara através da utilização de técnicas de computação de modo a gerar eficiência na sua aplicação.

